Direção:
Leos Carax. Roteiro: Leos Carax. Fotografia: Caroline Champetier. Montagem: Nelly
Quettier. Elenco: Dennis Lavant, Edith Scob, Eva Mendes, Kylie Minogue, Michel
Piccoli e outros.
Onze
personagens em busca de um ator
“Surreal,
circular, aberto e indefinido, Holy Motors é um daqueles filmes que provoca
reações e interpretações diversas. Em sua construção complexa e contando com a
fantástica interpretação de Denis Lavant, intriga o público logo nos primeiros
minutos, metalinguísticos e esteticamente perfeitos, e não deixa de fazê-lo por
nem um instante sequer. Nem mesmo com os créditos finais que chegam com algumas
dicas, mas sem fazer questão de muitos esclarecimentos e subjetivam ao máximo a
experiência.
Esta grande
ópera sobre o fim da arte no cinema acontece em um dia na vida de Oscar. Em sua
limusine branca, acompanhado de sua motorista Céline, vê-se a transformação
deste homem em vários outros, com interesses e realidades bem diversas. [...] Entre
uma personalidade e outra, dentro da limusine que não para nunca, seu camarim,
Oscar se prepara para o próximo compromisso. Como a personificação das muitas
máscaras e posturas assumidas no dia a dia por pessoas comuns e, como ofício,
por aqueles que atuam.
Essa
interpretação da interpretação nunca está restrita e pode ser percebida no
roteiro de Carax. Lavant interpreta Oscar que interpreta outros e que interage
com pessoas que provavelmente também estejam atuando, não se sabe. Ainda que o
diretor e roteirista seja bem preciso ao demonstrar que está falando de sua
arte, essa mistura de vida com ficção segue aquilo que o público tem vontade de
ver, a história que ele quer que seja contada. E é aí que reside a genialidade
da obra. [...]”
Um sentido, não uma solução
“Os poucos
minutos de silêncio e a vista da noite parisiense permitem uma volta rápida à
memória recente de cada uma das histórias passadas com essa nova percepção.
Fazem sentido o público apático da primeira cena e uma espécie única de vida
que só acontece nos corredores da sala de projeção; diálogos técnicos e
insignificantes; o momento da captação que transforma o que é naturalmente
bonito em algo não tão belo assim; a beleza vazia; a simplificação de relações
humanas; a violência, entre outros. Mas não existe uma solução [...]
Visualmente
perfeito e com uma organicidade ímpar, Holy Motors fala sobre
modernidade, vida e criação da melhor maneira que uma obra de arte poderia
fazer. Sem tentar guiar, manipular e invadir o espaço que não lhe pertence, mas
perturbando e provocando sempre. Vale a pena se perder nesse caminho” (Cecília
Barroso, “Cenas de cinema”, 29 nov. 2012).
CINECLUBE DARCY RIBEIRO
Depois
de um grande filme, sempre um bom debate
Data: sábado, dia 9 de março de 2013
Hora: 14h
Local: Sala Florestan Fernandes do Casarão
(r. General Jardim, 522, próximo à estação República do metrô)
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