Direção:
Godfrey Reggio. Roteiro: Godfrey Reggio, Ron Fricke, Michael Hoenige,
Alton Walpole. Fotografia:
Ron Fricke. Montagem: Ron Fricke, Alton Walpole. Música: Philip Glass. Documentário.
Em 12 de maio de 1982, o crítico Frank Eskenazi escreveu no jornal francês Libération:
“Koyaanisqatsi: os Estados Unidos de fora a
fora no choque das imagens
Produzido por
Francis Fird Coppola, o filme de Godfrey Reggio afronta a atual produção
videográfica
Não há nada
em Koyaanisqatsi além de música e imagens, em condições tais que o filme chega
a ser doloroso, mas o espectador, embora consternado, hesita em se render.
Por trás de
um título incompreensível, há um dos projetos mais alucinantes da história do
cinema. Godfrey Reggio o criou e dedicou boa parte de sua vida à realização de
desse imenso afresco místico e fantástico.
A expressão ‘Koyaanisqatsi’
vem da linguagem dos hopis, a mais antiga das tribos indígenas nos EUA. A
tradição remete à ‘vida louca, desequilibrada e que caminha para a
desintegração’ do mundo moderno. Trata-se de uma velha denúncia: o homem se
perde ao destruir sua própria matriz. Ao cortar o cordão umbilical com a mãe natureza,
ele constrói para si um mundo sem espírito no qual não é mais que um autômato
desencarnado.
Mas Koyaanisqatsi
é espetacular pelo inusitado das imagens. Aliadas à trilha sonora de Philip
Glass, o mestre da música modular, constituem o valor do filme.
Os EUA são o
pano de fundo exclusivo de um quadro vivo que se desenvolve em duas partes. O
filme começa com impressionantes travelings de paisagens norte-americanas, dos
céus dos Estados Unidos, da imensidão de suas cores de sua arquitetura natural.
A segunda parte é um incrível mergulho na cidade de Nova York, aprisionada
dentro daquilo que lhe dá sua beleza, mas também sua desumanidade.”
A imagem como a mais indubitável forma
mediadora da emoção
“Reggio
precisou de sete anos de filmagem e mais quatro de montagem para realizar este
filme produzido por Francis Ford Coppola, que certamente anteviu um projeto
delirante capaz de igualar sua própria megalomania. Koyaanisqatsi é, antes de
tudo, uma grandiloquente celebração da imagem como a mais indubitável forma mediadora
da emoção. Suas imagens se entrechocam e reconstroem o mosaico de um mundo que,
enfim, é imaginário.
A câmera de
Reggio colocou-se um pouco em todos os cantos, sem nunca pretender mostrar as
coisas. Poucas sequências em tempo real, mas muitas em câmera lenta ou
acelerada decupam de modo minucioso e alegórico o ambiente norte-americano. Aos
poucos, a trama exclusivamente pictorial do filme mergulha o espectador em um estranho
lirismo.
Cenas
chocantes? Sem dúvida, mas não só isso. O conjunto do filme — se pusermos de
lado sua filosofia incomum e pretensiosa (então os hopis previam tudo isso?) —
mostra um espetáculo raro que desafia e zomba de toda a atual produção videográfica.”
Veja aqui um trailer do filme.
Data: sábado, dia 20 de outubro de 2012
Hora: 13h
Local: Sala Florestan Fernandes (r. General
Jardim, 522, Casarão, próximo à estação República do metrô)
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