Neste sábado, a frequência foi fraca, provavelmente por causa de outras atividades que rolaram dentro e fora da Fespsp, inclusive uma tradicional viagem à cidade de Tietê.
No debate, notamos que vários temas se entrelaçam no filme: aquele de caráter detetivesco do início (afinal, quem matou o falecido?), a questão do injusto encarceramento de um eventual inocente, o ambiente das prisões femininas (prisão, em geral, é assunto "masculino"; por isso, esse filme talvez se inscreva no chamado "cinema feminista"), as relações homossexuais nessas prisões (e, claro, nas prisões masculinas também), o conflito em torno da guarda ("posse"?) da criança, etc.
O tema das prisões especiais para grávidas ou para convívio das mães e suas crianças recém-nascidas (ou um pouco maiorzinhas) prevalece e dá o tom. Todos os outros temas — que, por si sós, já valeriam tantos outros filmes — são vistos na perspectiva de ocorrerem nesse tipo de prisão. Nessas circunstâncias, caberia o final "aberto" (com as pessoas que desembarcam em outro país indo cada qual para um lado), em que nada se resolve, ou a "solução" de todos os conflitos e de todas as relações amorosas por meio de uma fuga meio desajeitada?
Enfim, achamos o filme um tanto desequilibrado, alternando bons e maus momentos cinematográficos. A opressão do confinamento está bem resolvida, com um bom trabalho conjugado de câmera e fotografia. A sequência das mães levando as crianças para o pré-escola dentro da cadeia é excepcional. Os sinais físicos da gravidez da protagonista também: a atriz esteve de fato grávida ou foi "maquiada"? A animação da abertura também foi elogiada. Mas a presença e as ações pendulares do personagem interpretado por Santoro são inúteis ou incompreensíveis, a não ser para mostrar que todos os homens são uns canalhas. E a sequência da "rebelião" das detentas é muito pobre, talvez por causa das limitações impostas pelo fato de se filmar em ambiente real.
Como ficou observado em algumas críticas e resenhas que examinamos, "Leonera" remete a "Carandiru" (aliás, temos aqui uma coincidência da qual nem nós mesmos nos demos conta: 20 anos do Carandiru real), mas perde na comparação com o filme de Babenco. Este tópico poderia ser desenvolvido. (Frank Ferreira)
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