2 de setembro de 2012

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CINECLUBE DARCY RIBEIRO apresenta Um método perigoso (A dangerous method, 2011, Reino Unido/Alemanha/Canadá/Suiça, 99 min, cor)
Direção: David Cronenberg. Roteiro: Christopher Hampton, John Kerr. Fotografia: Peter Suschitzky. Montagem: Ronald Sanders. Música: Howard Shore. Elenco: Keira Knightley, Viggo Mortensen, Michael Fassbender e outros.


O crítico Luiz Zanin Oricchio, cuja formação inclui a psicanálise, escreveu em seu blogue, em 31 de março de 2012, na época de lançamento deste filme no Brasil:

“Sabina Spielrein [...] na pele de Keira Knightley, é figura central de Um método perigoso, filme em que David Cronenberg relata um dos pontos nevrálgicos da aventura psicanalítica, a rivalidade entre Sigmund Freud e seu seguidor, Carl Gustav Jung, nessa que foi uma das notáveis sagas intelectuais do século 20. [...]
Keira Knightley e Michael Fassbender
O que Cronenberg revela, no entanto, é que, em meio a discussões teóricas, disputas clínicas e ideológicas, fervia o furor do sexo. O que não chega a ser surpresa, dado que o próprio Freud o coloca no centro da psique humana como motor oculto e às vezes visível de suas mais nobres motivações.
Sabina era russa e fora estudar medicina em Zurique. Num estado de sofrimento mental desesperador, busca tratamento com Jung. Apaixona-se pelo analista. Jung e Sabina tornam-se amantes. Naquele tempo, Freud havia designado Jung seu sucessor e procura interferir nesse relacionamento de todo indesejado pela política da psicanálise, uma disciplina nova que vivia sob o cerco da medicina psiquiátrica tradicional. Esse é período abordado por Cronenberg. [...]”

O indesejado terceiro

Michael Fassbender (à esq.) e Viggo Mortensen
“Foi uma decisão sábia. Em vez de nos debruçarmos sobre controvérsias teóricas tediosas para leigos, próprias do nascimento de uma disciplina polêmica, temos ao vivo os conflitos inscritos sobre a própria carne da personagem. Ou, seria melhor dizer, na carne dos personagens, já que Jung cede prazerosamente, mas não sem culpa, às tentações do métier. Era casado, e com uma mulher muito rica, que lhe proporciona vida confortável na aprazível Suíça. Mais velho, Freud cumpre o papel de terceiro indesejado nessa relação a dois. Aquele que interfere de forma paternal, mas não deixa de vislumbrar nem os encantos da moça nem a sedução do modo de vida de Jung, muito mais folgado e colorido que o seu. [...]
Cronenberg acerta, também, ao evitar seu gosto pelo grotesco e dar às cenas tratamento visual límpido, vagamente hiper-realista. Quando apresentou seu filme no Festival de Veneza do ano passado, justificou a opção, dizendo que lhe parecia a melhor para retratar história tão obscura. Mostrou também a preocupação em ser justo com os personagens. Disse que, quando alguém faz um filme biográfico, no fundo, as suas próprias inquietações é que são colocadas na tela, através de outros personagens. ‘É uma espécie de ressurreição dessas pessoas já mortas, e algo sempre imperfeito’, disse. Esses ‘simulacros’ são suficientemente verdadeiros? É uma inquietação do diretor.”

Atração e oposição

“De qualquer forma, Viggo Mortensen e Michael Fassbender propõem um Freud e um Jung bastante críveis. Não precisam ser parecidos fisicamente com os personagens reais (não o são). Basta que compreendam de maneira profunda o que atraía e o que opunha os dois grandes homens para que transmitam à história essa impressão de verdade a que chamamos verossimilhança. Isto é, a construção da verdade interna a partir da narrativa.
Entre os dois, a figura em aparência frágil, mas de fato poderosa da sexualidade, encarnada em Sabina. Fator que primeiro aproximou os dois homens e que terminou por separá-los.”


CINECLUBE DARCY RIBEIRO
Depois de um grande filme, sempre um bom debate
Debatedoras convidadas: Anna Silvia Rosal de Rosal, professora da FESPSP, Lilian Donatti, psicóloga junguiana, mestranda da PUC-SP, e Maria Regina de Moura Friedmann, psicoterapeuta psicanalítica e membro da Associação de Psicoterapia Psicanalítica (APP)

Data: sábado, dia 1º de setembro de 2012
Hora: 13h
Local: Auditório da FESPSP (r. General Jardim, 522, 7º andar, próximo à estação República do metrô)

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