27 de março de 2012

Nossa próxima atração: "Dersu Uzala", em 31/3/12

Um samurai-artista passeia pela estepe siberiana


CINECLUBE DARCY RIBEIRO apresenta Dersu Uzala (Dersu Uzala, 1975, URSS/Japão, 144 min, cor)
Direção: Akira Kurosawa. Roteiro: Akira Kurosawa, Vladimir Arseniev, Iuri Nagibin. Fotografia: Fiodor Dobronravov, Iuri Gantman, Asakazu Nakai. Montagem: Liudmila Feiginova. Música: Isaak Shvarts. Elenco: Maksim Munzuk, Iuri Solomin, Svetlana Davilchenko, Dmitri Korshikov, Suimenkul Chokmorov e outros.

Em "Dersu Uzala" (pronuncia-se "dersú usalá"), Akira Kurosawa toma a imensidão do deserto siberiano como tela cinematográfica e cria um retrato visualmente hipnótico e profundamente emocionante da natureza, da amizade e da sobrevivência.

Baseado nos diários do explorador russo Vladimir Arseniev, o filme começa em uma área florestal prestes a ser "liberada para desenvolvimento", onde Arseniev procura um túmulo sem identificação. Em flashback, uma expedição topográfica militar comandada pelo capitão Arseniev (Yuri Solomin) encontra Dersu Uzala (Maxim Munzuk), um nômade de etnia mongol, que se dispõe a guiar os soldados pela estepe. 

Inicialmente visto como um velho excêntrico e ignorante, Dersu ganha o respeito dos soldados graças à inteligência, aos instintos precisos, aos agudos poderes de observação e à profunda compaixão. Durante uma violenta tempestade, salva a vida de Arseniev, montando um engenhoso sistema de isolamento térmico na noite mortalmente fria. No final da expedição, deixa os soldados junto a uma ferrovia e retorna ao deserto.
Maksim Munzuk ("Dersu Uzala")

Anos depois, reencontra Arseniev em outra expedição de agrimensura. A idade começa a pesar sobre os ombros do caçador solitário. Para se defender, ele mata um tigre; convencido de que a natureza exigirá uma compensação por esse ato, sua decadência física se acelera. Aceita o convite para morar com a família de Arseniev na cidade. Aos poucos, sem poder caçar para viver e atormentado pela culpa do absurdo abate de um animal, vai se consumindo diante da lareira ardente, com o espírito alquebrado, perdido em suas lembranças. Decide retornar para a Sibéria.

E é lá que Arseniev vai procurar seu túmulo.

Akira Kurosawa
Akira Kurosawa (1910-1998), depois de "Rashomon" (1950), "Os sete samurais" (1954) — fonte de inspiração artística para o Ocidente —, "Yojimbo, o guarda-costas" (1961) e "Dodeskaden, o caminho da vida" (1970), só para lembrar algumas de suas obras, estava afastado das telas e se recuperava de uma tentativa de suicídio quando dirigiu "Dersu Uzala", a convite da produtora soviética Mosfilm. O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1976 e também foi premiado na Espanha, na França, na Itália, na URSS, etc. O sucesso internacional e o tratamento que deu ao conteúdo "ecológico", inusitado em sua filmografia, devolveram a Kurosawa a reputação de prolífico roteirista (mais de 70 títulos) e grande mestre da direção cinematográfica, mais do que experiente realizador de obras de temática japonesa, numa época (depois da II Guerra Mundial) em que o governo do Japão, praticamente ocupado por tropas norte-americanas, vetava obras de autores que se aproximassem de tendências esquerdistas ou que exaltassem valores como as tradições samurais e a prática de artes marciais. A seguir, ele filmaria, entre outros, "Kagemusha, a sombra de um samurai" (1980), "Ran" (1985), sua leitura do "Rei Lear" de Shakespeare, e o belíssimo "Sonhos" (1990).
Um aspecto interessante a verificar em "Dersu Usala" é o rendimento atual do sistema de cores cinematográficas Sovcolor (uma variante do alemão AGFAcolor, lançado em 1939), a resposta soviética ao Technicolor norte-americano (de 1916).



CINECLUBE DARCY RIBEIRO
Depois de um grande filme, sempre um bom debate

Data: sábado, dia 31 de março de 2012
Hora: 13h
Local: Sala Florestan Fernandes do Casarão (r. General Jardim, 522, próximo à estação República do metrô)

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